O lago

         Herivelto Luiz Corrêa             
                   Brasilia - DF                          

O vento na água batendo
E ela, faceiramente, cedendo
Como nada querendo
Onda, em seu dorso, fazendo

E toda preguiçosa
Ao desejo do vento,
Colocando-se sedosa,
Sem resistência, cedendo

Não contrapondo objeções 
Segue com suas ondulações
Para o prazer do vento, indo
Como vadia, o sopro sentindo

E se derrama sem objetar
Toda na crista da onda
E, completamente ditosa
Ejaculando respingos vários

Um é seu
Outro é meu
Outros para todos nós
Outros pelo prazer

Do despertar desejos sedentos
Ao sentir o roçar do vento
Arrepios pela pele aflorando
Que sentem os que vivem amando.

***
Herivelto Luiz Corrêa marca suas obras com a boa utilização de recursos como vírgulas e expressões interrogativas atuando como condensadores dos textos e enaltecedores da vibração poética do autor. Ser minimalista é a palavra de ordem em seus poemas de protesto, que expõe e questiona sem agressões gratuitas e são concluídos com sabedoria.
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