Eu cuspo quando falo
Eu falo quando durmo
Atiro quando brigo
Erro e não assumo
Eu babo quando durmo
Acordo quando ouço
Um barulho no escuro
E durmo num segundo
Eu bebo quando saio
Vomito quando bebo
Levanto quando caio
Caio de novo e não percebo
Eu guardo e cultivo
Os rancores mais antigos
E despejo nos inimigos
Corpos frágeis como vidro
Eu tremo quando acordo
Eu quebro rotinas e copos
Eu acordo quando tremo
Vidas frágeis como corpos
Eu como o que cai no chão
Eu adoro dizer não
Eu gosto mais de mim
Do que dos meus irmãos
Eu cuspo no prato que como
Eu mordo e não assopro
Eu durmo e acordo com sono
Eu anulo o meu voto
Eu cuspo quando falo
Porque estou sempre certo
Eu quebro tudo o que é caro
E o meu destino reto
Eu me protejo e me calo
Porque tenho o corpo aberto.
A vingança vem a cavalo
Eu estou sempre certo.
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