Tu recebes meu cansaço em teu seio
e me lanço despojado em teu veio.
Eu sussurro em teus ouvidos meus anseios
e te cubro, a noite inteira, com meus beijos.

Tu me levas – cativo – em teus afagos,
dos sonhos sobredouros ao reino.
E conduzes os meus passos apressados
como o vento venturoso ao veleiro.

E num sonho encantado, mas ligeiro,
me armazeno – sossegado – em teus lábios, meu celeiro.
E te moldo em meus abraços apertados qual oleiro.

Ó mulher, a ti me devoto o ano inteiro,
mas deslizas dos meus laços qual gatuno sorrateiro.
Quem me dera fosses, ainda que, por uma noite – meu travesseiro.