Enluarada
Fábio Gribel
Rio de Janeiro-RJ
Ar cipreste
Rompe brisa no agreste,
Essência espraia em raios indiscretos,
Lume intruso, difuso,
Que a mata adentra,
Que a mata argenta.
O astro poeta, oferta,
Um madrigal para a madrugada,
Disseminando prata,
Brilhos,
Nos alvos lírios,
Na rama orvalhada.
Sarça embalsamada por um manto
em furtiva cor.
Santuário de amor.
Enluarada,
Na pele acetinada,
Coxas cetim,
Seios metal,
Sorrisos fagulha,
Cabelos em cascata,
Soltos em prata,
Açoitam as faces
Na volúpia dos enlaces.
Pirilampos, tantos,
Cintilam o silêncio,
Salpicando ouro no compasso,
Sinfonia sem nota musical
Ritmando a dança frenética,
Ventral.
Delírios ao brilho laceram a madrugada,
Ecoam,
Despertando em prata dourada,
Raios do alvorecer,
Enquanto, encantos
Banham, plasmam
Desnudados corpos,
Expostos,
Desprovidos de qualquer pudor,
Em estátuas postos,
Perpetuando em prata
A paixão do amor. |
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Fábio Gribel de Araújo Campos é dos autores cujos textos têm em sua cultura
geral, inesgotável fonte de pesquisa para construir poesia de micro
momentos inspirativos. Dai, sua densidade expressiva e promissora produção
literária.
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