Um canto para o pajador
                           A Jaime Caetano Braum
       Egiselda Brum Charão
            Porto Alegre - RS        
Teu canto, Jaime, pro Pago
- como tambores ao vento –
é templa de índio vago
que eternizaste no tempo.

É verso xucro brotando
que nem semente na terra,
de sul a norte germinando
levando paz onde há guerra.

É o açoite do minuano
de manhã, levantando geada
que pelo chão campechano
anda pintando a madrugada.

É cheiro de terra molhada 
rescendendo na lonjura,
é a mesma terra lavrada
descortinando a planura....

É gato se enrodilhando
na quentura do brasedo,
quando a noite vem cinchar
o poncho sobre o arvoredo.

É a junta da carreta
rangendo em carga pesada,
gemendo a sina andarenga
na quietude da madrugada.

Teu canto, Jaime...

É o verbo que aprisiona
a rima que brota ao largo.
É o som da velha cordiona
parceira do mate-amargo.

É seiva de encantos mil
que em contraponto a boeira
reponta a noite campeira
- num timbre de alma missioneira
pelo sul do meu BRASIL !!!

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"A Edson Matos Vitória, bem amado esposo, amigo, parceiro e incentivador”
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Egiselda Brum Charão é premiada num sem número de eventos culturais literários  e suas obras têm como característica marcante sua fidelidade a temática gaúcha. Isto mostra a autora como um dos expoentes modernos no trato de temas regionais - inspirada e naturalmente - preservando a riqueza de nossa cultura regional, hoje tão refém da comunicação de massa.
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Apoio Cultural: Edson Matos Vitória
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