Dentro da sala, as cores se multiplicavam,
Nos objetos, nas nossas roupas, no tapete,
Formavam um mosaico, um caleidoscópio.

Os livros se revezavam na prateleira.
Na mesa, lápis, óculos, flor. 
Na parede, quadros de crianças.

No móvel, o relógio era ligeiro e silencioso.
Eu queria mais , mas ele me negava.
A caixa de lenços, esperava a teimosa gota de lágrima.

Havia outros objetos, 
Na mesma disposição, dia após dia, 
E sempre, na minha mente, estarão lá.

No relaxamento, o rosto ficava oculto.
Só ouvia a voz, suave, firme, que me dirigia a atenção.
Ora a mão, ora o pé,  até o ritmo da respiração.

Os cheiros eram almiscarados, incensados.
Flutuantes, suavemente nos impregnava.
Os sons se harmonizavam, e se misturavam às nossas vozes.

O ambiente me recebia, e eu o aceitava,
Sem cerimônia, nada a perturbar.
Ali repassava toda a minha vida.

E como o vento, que sopra e faz as folhas rolarem, 
O porto seguro, que pensei ser  meu, foi levado.
Agora vago, como as folhas.

É impossível esquecer aquele lugar,
Aquele tempo, os momentos passados lá,
As conversas, confissões, impressões.

Onde tantas vezes chorei as mesmas dores,
Onde tanto da vida entender procurei,
Onde tantas vezes entrei e sentei.