O outro lado
          Felipe M. Cherubin      
                 Barueri - SP               

   Aquele aglomerado residencial, tão concreto, tão belo, tão sofisticado - cimentado e loteado - possuído por mansões incisivas e casas abastadas - veículos fulgentes e jardins babilônicos, uma ilha, a árcade grega ou mesmo o próprio Olimpo entre os humanos porém tornava-se mais do que essa estrutura rígida e objetiva - cercada por muros - tinha um lado antagônico, turvo, de difícil percepção - a sua aura subjetiva - o residencial como uma mandala indiana - uma entidade circunscrita de uma realidade autônoma no meio de um desmedido mundo - cada casa um único arquétipo - cada ato - cada respirar uma rixa inconsciente nessa estufa sufocante, hermética, aloucada - uma realidade distinta e com faixas etárias gradualmente caracterizado em expressões de insegurança. A vontade muitas vezes opaca, o não sentido da vida como uma conseqüência de um comodismo, de uma alucinação persuasiva sobre do que a vida significa - o ego dormente - animais em seus refúgios de ouro - cadáveres animados - zumbis vagando entre símbolos universais que os uniam: entorpecer o inconsciente pela dor de ser um animal - pois seu inconsciente permanecia mais consciente do que o indivíduo e o instinto de sobrevivência pulsava forte porém dentro dos percalços conquistados - o ser agora era um ser social coletivizado - ria entre a fumaça, entre úmidas toalhas meio que corroídas, entre o pó que tingia o nariz de carmim e entre gotas amargas de diversas cores que rolavam da garganta para o interior do organismo.
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 Felipe Menegon Cherubin busca em seus textos, exteriorizar exercícios filosóficos, uma visão aguda do ser em diferentes circunstâncias e situações em que tenhamos o seu domínio, o domínio da apoteose. Do tipo que requer concentração e constante exercício de memória para assimilação da mensagem do autor.
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