Último poema
                Antonio Carlos Rocha 
                         Curitiba - PR           
Não penso mais como antes fazia,
agora minha idéia está vazia,
mas num esforço ingente
me arrebento em uma garra de gente.

Tento sem palavras escrever
no entanto só consigo descrever;
descrevo o impossível, o medo,
medo de não acordar logo cedo.

onde está minha verve?
onde está minha inspiração?
que é de minha razão?
que é de minha verve?

Último, último poema!
nele não tem sonho, não tem tema;
é o último que escrevo,
então me prescrevo.

Última homenagem ,
falta perspectiva e coragem.
É um som sem harmonia,
é a última poesia

não é um soneto, nem um juramento,
sem paciência, é só um lamento.
É  um vento, um sopro sem ar,
é um texto a desejar.

É meu último poema, 
sem cor nem claridade,
sem cheiro nem moralidade.
Último, último na cidade.

Não creio que seja isso que queira,
mas em mim o devaneio  beira.
Mas não tem jeito, é o último,
perfeito, deixarei-o sem ritmo.

Socorra-me Ariadne, socorra-me!
salve-me desse infortúnio de morte,
sem corte, sem sorte, dê-me o passaporte
para uma nova vida, para um novo norte.

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“Ao meu pai, Rodalém - o Cabeleira - homem de peito da aço e paixões atávicas, e a minha mãe Terezinha, a quem amo profundamente” 
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Antonio Carlos Rocha transforma em poesia seus dramas, suas paixões...  MPB e canções cubanas e argentinas, são fontes de inspiração para o autor que gosta de Vinícius de Moraes, Neruda e Nietzsche, do qual guarda a frase: “Que temos em comum com o botão de rosa, que estremece ao sentir sobre o corpo uma gota de orvalho? “ (Assim Falou Zaratustra).
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