A enchente
                 Julieta Bossois          
         Venda Nova do Imigrante-ES     
As águas barrentas do rio subiam implacavelmente,
Implacável também era o medo que invadia o coração.
Nunca pensou que a chuva constante pudesse de repente,
Inundar a terra em tão grande proporção.

Quanto mais subiam as águas mais a chuva caía impiedosa,
O homem simples do campo, assustado, pedia a Deus em oração
Que permitisse ainda tocar a terra com suas mãos calosas,
Voltando ao trabalho árduo e rotineiro de sua plantação.

Tudo ao seu redor sumia sob as águas turbulentas,
Encolhido sobre a casa de madeira, olhar cravado na amarela vastidão,
Assistia a morte brusca do gado nas águas fortes, sujas, lamacentas.
Desesperado e impotente mais uma vez implora em sincera oração.

O que estaria acontecendo? Seria o esperado fim do mundo?
Paralisado pelo medo via a água destruir o seu reinado.
Rapidamente as horas se transformam em segundos,
E em breve tudo para ele estaria finalmente acabado.

.....................................................................................

Nada mais há sobre a terra devastada,
O que ontem era vida e alegria hoje é só desolação.
Restou somente gente simples chorando horrorizada,
E amanhã, será apenas o silêncio e a solidão....

***
“À minha maravilhosa família”
***
Maria Julieta Bossois Andrade já viu publicado diversos de seus textos nos principais jornais de seu Estado. Selecionada em vários eventos, tem obras em antologias e está editando um livro infantil. Tem em Monteiro Lobato e Paulo Coelho suas leituras mais freqüentes e guardou um pensamento que leu em algum lugar: “Não ande por onde o caminho o leva. Ande por onde não há caminho e deixe, por onde passar, uma trilha”.
***
Apoio Cultural: RGB Informática - Venda Nova do Imigrante-ES
***
Próximo Autor--->>>