Num cosmo qualquer 
           Rita Bentes               
                          Cacém-Portugal                  
No sonho aprimora-se a vontade
De te ter sempre e sempre; mesmo sabendo que não estás.

Do murmúrio presente, sentes o que deveria sentir;
A vida fugir-me de ti, para de mim se apoderar e esquecer-te apenas;
Do esverdeado sonho resta apenas mágoa
Que não se apaga...
Por não conseguir...
De rocha firme me quedo quando em ti penso, quando sei que não estarás jamais.

Deveria ser como uma devastadora revolução,
Este meu coração que não sossega só de saber que poderá estar
Ao dobrar de um caminho qualquer,
Ao saber que dobras um outro caminho que não o que senti...

Saberá aquela pedra que vejo? Sabê-lo-às tu?
Saberei eu que não mais te vislumbrarei?
Pelo menos não como antes o fizera
Diante de mim e de ti...

E a vida, serena como ela só continua
Flui a um ritmo sereno de aceleração
Leva-nos para o fim de um recomeço sereno,
Efêmero
Eterno de vida...
Vidas que viveu, doou...
Doando a vontade de prosseguir, aprimorando-nos;
Aprimorando-se dela mesma, do sonho,
Da vida
Da morte, que apenas nos unirá eternamente
Num cosmo qualquer...

***
Rita Bentes Costa participou e tem premiações em diversos eventos literários em Portugal e França como encontros, concursos e colóquios sobre variados temas, sendo a poesia o mais frequente. Sua poesia - livre, solta - navega por uma fase em que retrata seus pensamentos e reflexões, uma autobiografia íntima da autora.
***
Próximo Autor--->>>