Serenata nupcial
C.A.Ramina e Silva
Curitiba-PR
Noite alta, sombrosa
e fria, e mesmo assim,
desponta, em meio às
beladonas do jardim,
saudado pelos flexeis
galhos ao açoite
do vento, o mesmo vulto,
como da outra noite.
O amante a espera,
silencioso, no relvado,
a quem se entrega, sem
palavras nem sorriso,
naturalmente nus, como
no Paraíso,
Adão e Eva foram,
antes do pecado.
Assim termina, sem
calor nem despedida,
a estranha cena, pois
no início e na partida
não há
suspiros, nem meiguices, nem querelas.
E ao retirar-se vai
deixando, de si mesma,
prateado, alvo rastro,
refletindo estrelas,
serena, lenta e triste
a incompreendida lesma.
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